terça-feira, 23 de março de 2010

Degustação na Bergut


Participei ontem de uma degustação na Bergut, foram seis vinhos de três produtores diferentes, um branco e um tinto de cada. Fui colocando online a minha impressão no meu twitter e consolido  a seguir:

Vamos aos Brancos:

Andeluna Torrontès. O nome “Andeluna” é a composição de Andes e Luna (lua em espanhol) e dá uma pista de que as videiras dessa vinícola são cultivadas nas alturas. Argentino plenamente aprovado. 35 pratas.  Muito aromático, pode ser bebido puro tranquilamente. Não costumo gostar de vinhos brancos. Gosto da uva Torrontès e gostei particularmente desse.
 
Grand Bateau. Bordeaux branco... hummmm... preferi o primeiro... talvez com um peixe grelhado... Uma sardinha portuguesa na brasa...  58 pratas.  Continuo acreditando na opinião da Kiki:  “Bordeaux branco e bom, nasceu morto”
Tablas Creek Vineyard 2006. Muito bom!!! Diferente, baunilha... sem sacangem e sem ser pejorativo, lembrou pudim em pó Royal...  Lindo vinho. Mas pelo preço - 109 pratas - fico com o primeiro.


Agora os Tintos:


Andeluna Malbec 2008. MUITO BOM!!!! Taninos redondos... Por 35 merrecas é matador!! 6 meses no barril e mais 6 meses na garrafa. Não sei se tem estrutura de taninos pra escudar uma picanha, como os malbecs mais ásperos o fazem com louvor. Mas purinho caiu muito bem. Vinho pra acompanhar pensamentos


Grand Bateau Tinto. Bordeaux clássico. Acompanharia perfeitamente uma bela morena, um poema do Neruda e um romance do Garcia Marques...  58 merrecas. Vale a grana, mas na saída comprei o malbec...
  Tablas Creek Tinto. Vinho feito com as uvas do Côte du Rhone, tal qual o branco. Excelente vinho, redondo estruturado e com alguma complexidade. Vale a pena, mas por 109 pratas, consigo coisa melhor.  Esse tinto californiano, tanto quanto o branco, merece ser experimentado, nem que seja pela diferença.


Resultado prático: Na saída, comprei os dois Andeluna e aproveitei pra comprar um Nero D'Avola bem interessante, que vai ganhar um post exclusivo em breve.


Gostei dos vinhos, exceto o branco de Bordeaux, e particularmente da noite, agradável do Rio de Janeiro, fechada com um chopp bem carioca no Amarelinho, próximo à Bergut.


sexta-feira, 12 de março de 2010

Malbecs Bons e Baratos


Essa noite de quinta foram dois malbecs; um finzinho de um "Alto Las Hormigas" e uma garrafa do "Caballero de La Cepa". Ambos se comportaram super bem acompanhando uma picanha maturada argentina feita no sal grosso.

Por 25 pratas cada garrafa. Bom, muito bom...



Acrescentando: Ambos comprados na CADEG. Definitivamente o menor preço em vinhos no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 5 de março de 2010

“OFF TOPIC” Don Melchor. Um Vinho Perfeito, apenas isso.

"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingi-la."
Salvador Dalí




Depois das férias desse duplo de escriba e de um longo e tenebroso verão, com temperaturas acima dos 40°C e sensação térmica beirando os 50°C (aliás depois que a imprensa descobriu a tal da “sensação térmica” nunca mais tivemos precisão nas temperaturas) finalmente alguma alma santa desligou a fornalha do Rio de Janeiro e março me chega com um friozinho pra lá de gostoso, convidando ao vinho...

Isso posto, voltemos aos vinhos.

No início de janeiro de 2010 - sob um forte ar condicionado - fui comemorar com o Toni, gestor do meu contrato, a sua renovação por mais dois anos.

Para a ocasião comprei um Don Melchor. Isso mesmo, o lendário Don Melchor. Considerado por muitos o melhor vinho chileno. O vinho que garantiu a fama e fortuna aos cabernets chilenos.






AVALIANDO


Como avaliá-lo sem cair no lugar comum do “Coloração rubi intensa, com fundo acastanhado, frutas vermelhas, herbáceo, pimenta, especiaria, taninos arredondados, corpo aveludado, retrogosto intenso e final longo”? Difícil, muito difícil, mas vou tentar. Estou escrevendo esse artigo em março, o bebi no dia 7 de janeiro, e no entanto, as sensações ainda estão vivas na minha memória, vamos a elas:

A minha expectativa era grande, e com ela, o medo de vê-la frustrada também, mas assim que o experimentei – sem decantá-lo – vi que não havia razão para dúvida: "Eis um excelente vinho!!" Tudo o que se pode esperar de um bom corte com cabernet chileno estava lá, só que incrivelmente equilibrado; Madeira, pimentão, taninos macios, cor, etc, etc.

Ora direis: “-Ah... então ele não passa de um corte de cabernet chileno clássico, só que melhorado?”
Como eu digo pra minha filha: “Na-na-ni-não”. Veja o título, "é um vinho perfeito, apenas isso", mas me deixou com cócegas nos cantos da boca, com vontade de rir e com pena pelo fim da garrafa ao verter o último gole da última taça...

Deveria tê-lo decantado por 40 minutos. A última taça estava muito melhor que a primeira.





VALE A PENA?


Nesse ponto chegam, óbvio, as seguintes perguntas:
Um vinho perfeito vale cinco ou seis vezes mais que um excelente vinho? Vale doze vezes mais que um bom vinho quotidiano de trinta pratas?

Aí a resposta muda um pouco e depende do tamanho da sua renda, do quanto o vinho vale na sua vida e se há um bom motivo para celebrar ou mesmo o belo fato de estarmos vivos.

Outro aspecto é o custo. Não há bom vinho por 10 reais, simplesmente porque esse valor não cobre as despesas básicas para vinificar um vinho sequer aceitável. É dor de cabeça certa.

Já um vinho excelente exige barris de carvalho francês novo, o envelhecimento em barris gera perdas, as uvas devem ser selecionadas, o terreno deve ser adequado, as vinhas antigas, o amadurecimento das uvas acompanhado por pessoal qualificado, só podem ser colhidas com o ponto certo de concentração de açúcar, a vinificação propriamente dita exige cuidados e - normalmente - a consultoria de um enólogo renomado e caro. Ufa!!

Estamos de acordo dos porquês de um vinho excelente ser caro?*

Bem, junte isso tudo, some séculos de tradição, produção limitada, terrenos pequenos, terroir especial, um público fiel e ávido por essas preciosidades e chegamos aos milhares de dólares alcançados pelos vinhos top da Borgonha e de Bordeaux.


Isso pra não falar das raridades; a famosa safra de 19** do vinho Chateau XPTO ou o carregamento de vinho resgatado - em perfeitas condições - de um naufrágio ocorrido no início do século XVII...

Aí voltando àquela pergunta anterior: Vale essa grana toda? Um vinho desses de R$ 6.000,00 vale 100 vezes mais que um vinho de 60 pratas? Na minha opinião e com o meu orçamento a resposta é não. Mas todos são vendidos, ou seja o mercado discorda... Então vale!!!

Resumo da ópera: Gostei muito do vinho e valeu a pena.

PREÇOS

R$ 348,00 na Americanas.com (Expand)

Eu paguei R$ 325,00 na Bergut Castelo (Ex-Expand) com direito a bebê-lo no delicioso bistrôt deles. Queijos e pães pagos à parte, claro

Vi ontem na CADEG por R$ 286,00. Se for pra beber em casa, vale a pena dar um pulo lá. Com o troco dá pra comprar um ótimo Viu Manet Carmenère Reserva...

Apesar do Don Melchor ser um vinho perfeito, ele apresenta a meu ver alguns problemas bastante sérios:

1º – A sua faixa de preço no Brasil, o impede de ser o meu vinho do dia-a-dia...
2º – Depois de bebê-lo, ficou difícil gostar de alguns vinhos na faixa dos 20 a 30 reais...

* Para quem quiser saber mais o processo de produção dos bons vinhos, recomendo a leitura - agradável - de "O Julgamento de Paris" ou o tijolaço "Atlas Mundial do Vinho"