quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Com Que Uva eu Vou?

Qualquer um que conheça sua própria história certamente conhece seus vinhos.
Arnold Toynbee

Uma das grandes confusões do novato sobre o mundo dos vinhos é o varietal a comprar. Ou seja: “Qual uva?”

Neste final de semana estive em Sampa e comprei no Pão de Açúcar três vinhos de diferentes uvas do mesmo produtor (Finca Flichman, R$ 16,90 em oferta, normalmente custa vinte e poucos...). O objetivo era experimentar um após o outro e verificar as diferenças entre as uvas. Não deu tempo pra fazer a brincadeira, mas fica a sugestão.
As uvas disponíveis neste vinho são Syrah, Malbec, Merlot e Cabernet Sauvignon. Todas – exceto talvez a Malbec – são uvas clássicas, que fizeram fama e fortuna em solos franceses, cultivadas globalmente por quase todos os grandes produtores do novo mundo. a Malbec faz parte da mistura de um grande número de Bordeaux, mas virou a uva símbolo da Argentina, pois se adaptou super bem em Mendonza e combina perfeitamente com churrasco e não se espalhou muito pelo mundo. Mas isso é outro papo.

É um bom exercício para aprender a escolher o seu tipo de uva favorita e também treinar os sentidos, escolher um vinho de cada uva de um bom produtor, sugiro o próprio Finca Flichman básico ou - num patamar acima de preço o Caballero de la Cepa do mesmo produtor ou o Finca la Linda da Bodega Luigi Bosca, mas qualquer bom produtor pode servir. Reúna alguns casais – bons de copo, um para cada garrafa - em torno de uma boa mesa e vá experimentando vinho após vinho, tendo sempre o cuidado de não misturar os vinhos na taça e não comer alimentos que briguem com os vinhos, tipicamente saladas com vinagre, ovos, alcachofra... Sugiro que siga a seguinte ordem: Merlot, Cabernet, Syrah e Malbec. Sinta o perfume de cada uma, veja a cor, o gosto no final da boca, sobre a língua, a harmonia com os pratos servidos. Faça anotações a cada tipo de vinho, pois depois da quarta garrafa vai ser difícil lembrar do primeiro...

Naturalmente esse exercício não é definitivo com apenas um produtor ou vinhos de uma única origem, pois há diferenças entre os produtores e mesmo a especialidade destes em relação aos tipos de uvas. Na Argentina reina o Malbec, no Chile o Cabernet e a Carmenère...

Logicamente existem muitas outras uvas, e deixar de fora a Pinot Noir chega a ser um crime, mas como a Pinot Noir é uma uva temperamental (exige cuidados muito especiais no seu cultivo) e não é muito fácil encontrar bons Pinot Noir a preços acessíveis, vamos deixá-la para depois. E para começar, essas quatro populares no Brasil são um bom ponto de partida.

O grande problema é perceber que todas são excelentes, cada uma do seu jeito claro...

Depois me conte o que achou do experimento.

3 comentários:

  1. Sou fã de Malbecs, até porque sou fã de churrasco. Em Buenos Aires derrubei alguns, mas confesso que não tive o cuidado de anotar nomes.
    Posso sugerir um post? Qual é a desses vinhos "Reserva". O nome sugere coisa boa, mas outro dia fiquei decepcionado com um Reserva Miolo (RR 22,90 no mercado). São vinhos feitos com combinações especiais ou é um amontoado de restos de uva ou coisas do tipo.
    Abração

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  2. Com a industrialização e a globalização, sempre amarrados nas normatizalções oficiais, praticamente os vinhos comerciais se asemelham. O sabor da uva desaparece, e os sabores tentados a serem descobertos,..., são mais jogo comercial. Posso contar historias hilariantes a respeito de vinhos e seus sabidos tomadores.

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  3. Meu caro "Anônimo,

    Conte as histórias. Eu publico na boa. Abração.

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