sexta-feira, 2 de abril de 2010

Rolhas, rolhas, rolhas....



Há séculos a indústria do vinho busca formas eficientes de arrolhar as garrafas de vinhos. As rolhas convencionais apresentam diversos problemas, o maior deles é a possibilidade de infectar o vinho com a TCA fazendo com que o vinho fique bouchonée. Isso acontecia em larga escala, sobretudo nos vinhos mais caros, que são os vinhos normalmente armazenados por mais tempo. Isso provocava uma perda quase irreparável e uma grande oportunidade para os pedantes rejeitarem vinhos – às vezes bons – nos restaurantes:

-C'est Bouchonée

Nos últimos tempos, a indústria de rolhas de cortiça, melhorou o seu padrão de produção e as contaminações dos vinhos reduziu-se muito, mas ainda assim continua gerando perdas.

Com isso, a indústria se movimenta na tentativa de substituir as rolhas convencionais por outras formas melhores de vedação da garrafa.

Já experimentei – e não gostei!! – rolhas sintéticas - de materiais mistos de borrachas e plásticos - e roscas metálicas. Geralmente utilizadas em vinhos mais simples e baratos. Não sei se por essa razão, o fato é que não gostei.

Recentemente – numa degustação – fui apresentado a um vinho branco arrolhado com a “vino-lok”. Me pareceu uma curiosidade interessante e não passou disso.

Passei outro dia na Bergut e a Priscila me recomendou o vinho Cusumano (siciliano da uva Nero D'Avola), aprovado com louvor diga-se, porém, o que mais me chamou a atenção foi a rolha de vidro. Gostei.

Fiquei meio chateado por não poder usar o meu super saca-rolha screwpull, mas gostei: Muito prático, higiênico, reciclável, custo baixo, não esfarela, não envelhece, não precisa ficar umedecida, não requer nenhum acessório adicional...

O “Vino-lok” não permite a passagem de ar, isolando completamente o líquido do ar, impedindo a oxidação do vinho. E como é 100% estéril, não contamina o vinho, impedindo que ele se torne bouchonée.

Um outro aspecto irrelevante à primeira vista, porém importante no final das contas: O rolha vino-lok é danada de bonita. Clique na foto pra ampliar... E não vai fazer feio.

Os Problemas:
Ao contrário dos destilados, como a cachaça e o uísque, o vinho envelhece e evolui na garrafa e um dos componentes desse processo de envelhecimento e evolução é a micro-oxigenação, que é possível através das rolhas de cortiça, mas inexiste no Vino-lok (tem um produtor australiano tentando outra rolha de vidro, com outra tecnologia, que permitiria essa micro-oxigenação, mas por enquanto é teste apenas), com isso o vinho até evolui, pois ele é vivo, mas de outra forma.
Com isso, não creio que a Vino-lok venha a ser adotada massivamente nos vinhos de guarda. Ficando estrita aos vinhos básicos, médios para serem consumidos jovens, com poucos anos de vida.

As Rolhas Contra-Atacam:
Mas é claro que os produtores de cortiças estão contra-atacando, usando inclusive argumentos ecológicos e sustentáveis, que quiser pode ver um interessante documentário institucional deles neste link

Ponto Final:
Pelo menos para uma coisa vai servir; evitar que o pedante enochato possa exibir o seu mau-humor nos restaurantes da vida.

-C'est Bouchonée

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