sábado, 21 de julho de 2007

Pinot Noir da Patagônia !! Humberto Canale Gran Reserva - Marcus.

Primo pro nummata vini,
ex hac bibunt libertini;
Carmina Burana
Nesta quarta peguei um vinho da gaveta de baixo da adega, onde guardo os vinhos mais caros ou raros, para serem abertos apenas em ocasiões especialíssimas. Bem, tive uma notícia excepcional, e resolvi comemorar: Abri um Humberto Canale, “Marcus – Pinot Noir – Gran Reserva – 2005.”

Vinho feito na Patagônia, onde ao que parece as uvas Pinot Noir (adoram frio) se adaptaram muito bem, foi comprado na Winery em Buenos Ayres, por recomendação explícita do sommelier da casa, o atencioso Sr Carlos. Não foi excessivamente caro a época, mas hoje está por 85,00 pesos - cerca de 50 reais - mas como não é muito trivial ir a BsAs, botei na gaveta de baixo.

Como sempre acontece quando me emociono, meu nariz ficou congestionado, o que dificultou um pouco a análise, mas mesmo assim deu pra perceber a riqueza de aromas, que evoluíam muito bem no copo com o tempo. Pede um decantador por, pelo menos, 40 minutos para ficar um pouco mais aberto.

A cor e limpidez absolutamente perfeitos e o sabor digno de um bom Pinot Noir com toda a delicadeza e sutileza, com toque de frutas silvestres – me lembrou um pouco amora – e ao mesmo tempo - contraditoriametne - os taninos são intensos, dando um tom picante, que vai se esvaindo com o tempo. Excelente!

No corpo e densidade na boca, me lembrou muito um Pinot Noir da Bodega Salentein (13 dólares no freeshop de BsAs) que é excelente.

Moral da história: Adorei o vinho e fui buscar na web pra ver se encontrava no Brasil.

Achei na Viavini por 85,00 reais e na Mercosul Vinhos - safra 2002 - por 95 pratas.

Numa opção mais acessível, encontrei na Grand Cru, por 39,00 reais, a versão que passa menos tempo em carvalho – 6 meses contra nove do Gran Reserva – mas por menos da metade do tempo. Talvez valha conferir. Por R$ 44,10 achei um “Humberto Canale Pinot Noir” no Castelo do Vinho, mas no site (muito ruim e inseguro, diga-se) não tinha qualquer informação relevante sobre o vinho. Vou ligar lá pra saber se é o Gran Reserva, quem sabe?

Acessível o Gran Reserva? Nem tanto, mas vale o preço.

domingo, 15 de julho de 2007

Montmartre em Copacabana - “C´est Si Bon”

"Existe mais filosofia numa garrafa de vinho que em todos os livros."

Pasteur


Para comemorar o 14 de Julho, a comunidade franco-carioca organiza neste fim-de-semana o “C´est Si Bon” no Forte de Copacabana, ali no final do posto seis.

Há uma feirinha de culinária francesa onde - logicamente – se pode comprar um bom Bordeaux, se abancar numa mesinhas e comer, por exemplo, um bom pão francês com foi-gras... Ou pedir uma taça de um rosé para acompanhar algumas ostras de Santa Catarina... E sentir-se em plena Montmartre, com algumas vantagens: ao fundo a belíssima praia de Copacabana e o som das ondas quebrando no rochedo.

Fui lá ontem para conferir a dica da sommelier Deise Novakoski - publicada na coluna “Três Doses Acima” no O Globo - e experimentar o Bordeaux Château Lesparre. Valeu a dica. O vinho é com certeza um legítimo representante da sobriedade e requinte dos vinhos de Bordeaux, deu para perceber os aromas intensos e o sabor típico de um Bordeaux envelhecido. 15 pratas a taça e 70 reais a garrafa na Vitis Vinífera. Vale o preço da garrafa, pois na taça sai caro. Pequena e de plástico bem vagabundinho.

Além da taça plástica e do preço alto, outro ponto negativo foi a temperatura. O vinho foi servido gelado e não resfriado à temperatura correta.

Em outras palavras; recomendo aos que me lêem, largar tudo e ir pra lá, mas levem as suas próprias taças. O fim de tarde desse nosso inverno magnífico com um bom vinho e boa companhia...

Serviço:

Vitis Vinífera
Rua Barata Ribeiro 360 lj 326 ,
Copacabana, RJ, Tel:(21) 2235-3968

Programação completa do evento:
http://www.rioscope.com.br/website/article.php3?id_article=295

Em PDF:
http://www.rioscope.com.br/website/IMG/_article_PDF/article_295.pdf

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Finca Flichman - Acessível em Essência

Oh! vazio! meu copo esta vazio! Olá taverneira, não vês que as garrafas estão esgotadas? Não sabes, desgraçada, que os lábios da garrafa são como os da mulher: só valem beijos enquanto o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de lava?”

NOITE NA TAVERNA - Álvares de Azevedo

Um dos exemplares mais característicos do que se pode chamar de vinho acessível, são os produzidos pela bodega “Finca Flichman”. Bodega de grande tradição na Argentina, pois sua fundação remonta ao século XIX, mais precisamente 1873, e que no final do século passado passou por um uma grande modernização, voltando suas baterias para o mercado externo.

Eles giram em torno dos vinte reais, e são encontráveis em três tipos de vinhos básicos: O mais barato deles, da série “Barrancas”, garrafas simples, preços em torno dos 15 reais. Vinho rústico, sem passar em barril. O malbec é adequado para acompanhar uma picanha num churrasco informal, onde o vinho pode substituir – com vantagens - a cerveja. Simples e barato, mas faz tempo que não o encontro por aí.

Já a série simples, mas que passa algum tempo em barril (OAK Aged) suavisando os taninos e arredondando os aromas, também tem custo baixo, há algum tempo custava uns 25 reais, atualmente encontro abaixo dos 20 com facilidade. Neste exato momento em que digito estou matando um Cabernet Sauvignon, 2005 desta série, comprado – em promoção - por menos de 17 reais no Pão de Açúcar.
As duas primeiras taças acompanharam - muito bem diga-se – dois medalhões com arroz de ervas e me deram a paz de espírito necessária para vir ao computador rascunhar esse texto.
Ele sozinho, acompanhando a digitação, já não se sai tão bem, mas também não faz feio. Ou seja, ele pede um bife. Na análise técnica dei nota 79, utilizando o método de degustão Giancarlo Bosi, cuja nota máxima é 100.

Agora o irmão mais velho da família, tem o belo nome de “Caballero de La Cepa” e é bem melhor que seus irmãos mais novos. Vinho que pode ser bebido sozinho ou com um queijo de cabra ou mesmo roquefort, sem fazer feio. O Cabernet é um vinho no estilo dos Bordeaux mais simples e honestos. O Malbec – como todo Malbec – pede uma carne gordurosa para amaciar os taninos, idealmente uma picanha maturada argentina... O último Caballero eu comprei por 36,00 reais em promoção no Lidador.

Neste ano tenho encontrado também vinhos brancos e rosés com a marca Finca Flichman. Mas faltou coragem para experimentá-los. Eu gosto mesmo é de vinho tinto.

Em outras palavras podemos finalizar dizendo o seguinte: Todo Finca Flichman vale o que é cobrado por ele. Não é um vinho para fazer bonito numa ocasião especial, mas não faz feio no trivial. E o que é melhor; além de barato, é facilmente encontrável em supermercados e até mesmo postos de gasolina e ser acessível, é também ser encontrável.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Vinho Acessível – A Proposta.

“Ao provar o vinho, vislumbramos,
na iminência da noite, os nossos sonhos.”

D. H. Lawrence


Vamos aqui tentar definir o que vem a ser um vinho acessível, coisa nem tão simples assim.

Em primeiro lugar vamos excluir o que não é vinho: Não é vinho (apesar do parentesco com alguma uva) todos os vinhos vagabundos, além dos clássicos: Chapinha, São Roque e Sangue de Boi, seguem-se: todos os feitos em São Paulo, os docinhos da Serra Gaúcha, os argentinos baratos (Marques de La Colina é um exemplo eloqüente...) e alguns nacionais pretensiosos. Esses vinhos estão banidos desse site.

Excluídos os indigentes derivados de uva, temos um panorama mais restrito, que eu separo em quatro categorias:

Os Intangíveis: Todos os grandes clássicos franceses com sobrenomes pedantes, como Montrachet, Rotschild, Romanèe Conti e preços escorchantes. Preços que são definidos não de forma proporcional a qualidade, mas normalmente à raridade. esses vinhos são inalcançáveis à maioria dos mortais.

Desses também não falarei por aqui, pois estão absolutamente longe da proposta dos vinhos acessíveis, e deles também “nunca vi nem bebi, só ouço falar”

Excluídos inferno e céu, temos os vinhos realmente acessíveis, os acessíveis e os vinhos para ocasiões especiais.

No primeiro time jogam os vinhos até cinqüenta reais, é onde normalmente podemos encontrar boas surpresas positivas e poucas decepções. Afinal ninguém vai ficar decepcionado com um vinho que custou vinte e poucas merrecas, mas vai ficar maravilhado com boas surpresas positivas, (tive uma grata surpresa com o Pinord Clos Torribas Crianza... papo para outro artigo...). Este é o grupo alvo deste blog. Uma vez por semana abordaremos uma boa surpresa ou evitaremos uma grande roubada, como o Tannat do artigo abaixo.... Veremos aqui mais surpresas que decepções... Assim espero.

Acima dos 50 reais, e abaixo dos 100, temos os vinhos nos quais não aceitamos problemas. O vinho tem que ser – no mínimo – bom. Mas é aqui, entre o caro e acessível, onde temos as maiores decepções. Pois muito vinho vive apenas do nome... Falaremos deles aqui de vez em quando.

Já na casa dos três dígitos, temos os vinhos caros, mas que eventualmente podem ser comprados para uma ocasião realmente especial. Um vinho para guardar na adega esperando uma data que o mereça... Ou uma ocasião ímpar... Vamos falar deles de vez em quando, assim espero.

Moral da história: Vamos focar nos vinhos entre 20 e 50 pratas. Um pouco mais, um pouco menos... Mas vai ser por aí.

Até lá!!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Tannat - Viento Sur - Nome pra Lembrar...

Bem,

Fazia tempo que eu queria experimentar um vinho da Província Cisplatina (também conhecida como Uruguai) especialmente da uva Tannat, mas a minha falta de conhecimento dos produtores cisplatinos sempre me inibiu.

Ontem estava passando pela sessão de vinhos do Pão de Açúcar e me deparei com uma garrafa do Viento Sur, Tannat... Garrafa bonitinha, simples, mas completinha, com fundo côncavo inclusive... Pensei: “ se for uns vinte e poucos, eu levo.” Era doze. Levei.

Levei ferro. Muito ruim mesmo. Bebi um gole pra degustar e desisti de avaliar a sério. Peguei um queijo gruyère pra ver se salvava. Nada. O queijo – nacional fraquinho - era bom demais para o vinho. Sem perfume, sem cor, sem força, sem gosto. Ruim demais.

Sobrou mais da metade da garrafa. Não voltou pra adega. Foi pra geladeira, vai virar molho de algum medalhão. Espero que não comprometa uma das minha receitas favoritas...

Continuo querendo experimentar um BOM vinho Tannat da Província Cisplatina...

Decifrando o Vinho

"Abstêmio: ad.s.m; Pessoa fraca que se rende à tentação de negar um prazer a si próprio"

No dia 19 de Abril deste ano fui numa degustação promovida pelo Supermercado Zona Sul. E foi absolutamente instrutivo.

Na verdade mais que uma degustação, foi um tutorial de como analisar vinhos. Eles deram um bloquinho com muitas fichas de avaliação, e de acordo com o serviço dos vinhos as análises eram feitas.

Volterei a essa ficha de avaliação em breve. Pretendo transformá-la numa planilha com um tutorial para cada campo a ser preenchido.

De todos os vinhos servidos, o grande destaque na minha opinião, foi um Syrah francês: "Laurent Miguel Nord Sud", que sai por R$ 57,00, no Zona Sul (claro...).


Acabei comprando um, mas está na parte intermediária da adega, de onde eu só tiro vinhos em ocasiões especiais...

No mesmo supermercado tem um outro Syrah, misturado com outra uva, do mesmo produtor a preço bem mais baixo. É bonzinho... Mas não leve gato por lebre. O de 57 pratas vale o que custa.


Em tempo: Ele recebeu nota 95 na minha avaliação, ganhando notas máximas na análise gustativa. Ou seja: é bom de beber.